Neurofeedback e autismo
Sabe-se que o Transtorno do Espectro Autista acarreta uma série de alterações comportamentais, sensoriais, de linguagem, de interação social, como também impacta as funções executivas e o processo de aprendizagem do indivíduo.
Várias são as abordagens, métodos e intervenções terapêuticas propostas, a depender do objetivo e aspecto a ser trabalhado e desenvolvido.
Porém, infelizmente pouco se fala do Neurofeedback (NFB), um tratamento inovador e promissor que pode auxiliar em muitas questões de nossas crianças com TEA.
O principal objetivo do NFB é potencializar a função cerebral do indivíduo, aprimorando áreas que encontram-se disfuncionais, dando suporte e condicionando para que a pessoa aprenda a controlar as ondas cerebrais, alterando estados mentais e, melhorando assim, seu desempenho.
Existem protocolos específicos para se trabalhar diversas demandas como: hiperatividade, déficit de atenção, empatia, funções executivas, ansiedade, dificuldades de aprendizagem, insônia, depressão, entre outros.
Todas essas comorbidades são intimamente relacionadas e encontradas em pessoas com TEA.
Importante salientar que é um tratamento não invasivo e não medicamentoso, sendo que, em muitos casos, até auxilia no desmame de determinadas medicações.
Iniciamos o tratamento há 2 meses com os meninos e logo já percebemos os benefícios em nível de atenção, foco, elaboração de linguagem e desempenho em funções executivas.
Destaco, aqui, a importância da participação da família e mais uma vez defendo que a família precisa estar dentro do consultório e não na sala de espera.
Deus providenciou uma terapeuta maravilhosa para realizar o treino com os meninos, que além de sua competência e carinho, desde o início, concordou que eu estivesse em sala com eles, dando o suporte físico e emocional do qual precisam.
Vimos graficamente as alterações com resultados positivos, quando, no início do tratamento, Caio precisava de mais propriocepção para se manter tranquilo e realizar um bom treino. Tentamos algumas alternativas e em algumas sessões ele precisou de muito suporte físico, como visto na imagen do post.
Essa atitude da profissional foi fantástica para propiciar ao Caio uma oportunidade de aproveitar ao máximo aquele momento.
Imaginem que a sessão poderia simplesmente ser interrompida caso ele mantivesse uma grande agitação e eu estivesse sentada na SALA DE ESPERA!
Agradeço a nossa terapeuta Gislaine Azzolin por compor de forma tão competente e cuidadosa a nossa equipe terapêutica.
O HEG neurofeedback atua como base no condicionamento operante. Através da retroalimentação biológica o feedback é fornecido ao cliente que desenvolve a habilidade de se autorregular. Nessa técnica o sinal monitorado (e usado como feedback para o cliente) é baseado na dinâmica sanguínea cerebral.
Na imagem percebe-se um aumento na oxigenação do sangue (perfusão). Neste design temos ainda o indicador de uma media por minuto do quanto a pessoa ficou focada.
O resultado deste trabalho é uma maior capacidade de foco, motivação, equilíbrio emocional, resiliência, maior capacidade de planejamento e nas funções executivas no geral.(Gislaine Azzolin)
Indo Além...
De acordo com um estudo de 2012 publicado na revista BMC Medicine, existem diferenças significativas nos cérebros e padrões de ondas cerebrais em pessoas do espectro do autismo, em comparação com indivíduos neurotípicos.
Segmentação de freqüências de ondas cerebrais específicas
*Ondas delta (0,5-3 hertz): Pessoas com distúrbios de aprendizagem, deficiências sociais, e danos cerebrais geralmente têm altas ondas delta.
*Ondas teta (3-7 hertz): pacientes com autismo normalmente têm altas ondas teta, resultando em sonolência incomum e dificuldade para se concentrar.
*ondas alfa (8-13 hertz): Aprendendo a aumentar as ondas alfa pode ajudar a manter a calma e o relaxamento.
*Ritmos sensório-motoras (13-15 hertz): ondas SMR baixas em pacientes com TEA podem causar movimentos involuntários ou tiques, dificuldades sensoriais, comportamento impulsivo e alterações motoras.
*Altas ondas beta (19 hertz ou superior): o estresse associado com distúrbios cognitivos e sensoriais podem causar ondas beta alto, resultando em aumento da intensidade emocional e sentimentos de alarme.
Hemisférios cerebrais
Em muitos indivíduos com transtorno do espectro do autismo, há algum nível de desconexão entre os hemisférios do cérebro. O NFB pode auxiliar na melhora do desempenho da conexão entre os hemisférios.
Regulação do sistema de neurônios-espelho
Para as pessoas com TEA, existe alguma forma de disfunção do sistema de neurônios-espelho, que é ligada à tomada de perspectiva e Teoria da Mente. O NFB pode ajudar a regular o sistema de neurônios-espelho.
Obs: Importante que se faça uma avaliação precisa da indicação de acordo com perfil e demandas da criança para se iniciar o tratamento com Neurofeedback. Fica a dica !
Referências:
http://espacoautista.blogspot.com.br/2012/12/neurofeedback-para-transtornos-do.html
http://autism.lovetoknow.com/Neurofeedback_for_Aspergers
www.aprendizagemcerebral.com.br